terça-feira, 13 de julho de 2010

CONCEPÇÃO DE CONHECIMENTO


Por Lilian Timóteo



Frente aos questionamentos a esse respeito, com discursos ou conceitos tenta-se explicar esse processo humano. No entanto, o que se pode observar no âmbito educacional é uma ambigüidade no que diz respeito às opiniões relacionadas ao desenvolvimento do pensamento através da capacidade empírica ou do apriorismo.



Vejam-se os dois lados. O professor afirma que o conhecimento é algo que entra pelos sentidos, algo que vem de fora da pessoa, portanto e se instala no indivíduo, independentemente de sua vontade, e é sentido por esse indivíduo como uma "vivência". A pessoa, o indivíduo ou, de modo geral, o sujeito não tem mérito nisso, é passivo. O objeto, isto é, o conjunto de tudo o que é não-sujeito, pouco ou nada tem a ver com isso. Esse modo de entender o aparecimento, a gênese do conhecimento num indivíduo, é chamado de empirismo. Pode-se dizer que empiristas são aqueles que pensam que o conhecimento acontece porque se vê, ouve, tateia etc., e não pela ação. O conhecimento será, então, sensível no começo, abstrato depois. Na Psicologia, é a teoria da associação entre estímulo e resposta que constitui a explicação própria do empirismo.



Continuando o questionamento ao educador sobre o conhecimento, desautorizando a concepção empirista, como acontece quando se pergunta por que um macaco submetido à estimulação da linguagem humana não aprende a falar e a pensar formalmente, o mesmo muda seu paradigma de teoria de conhecimento. Passa a negar, inconscientemente, seu empirismo, afirmando que o indivíduo conhece porque já tem em si o conhecimento. A concepção de conhecimento que acredita que se conhece porque já se traz algo, ou inato ou programado na bagagem hereditária, para amadurecer mais tarde, em etapas previstas, chama-se apriorismo.



Podemos dizer que aprioristas são todos aqueles que pensam que o conhecimento acontece em cada indivíduo porque ele traz já, em seu sistema nervoso, o programa pronto. O mundo das coisas ou dos objetos tem função apenas subsidiária: abastece, com conteúdo, as formas existentes a priori (determinadas previamente). Como se vê, o apriorismo opõe-se ao empirismo. Mas o faz apenas neste ponto, porque também ele acaba propondo uma visão passiva de conhecimento, pois, de uma ou de outra maneira, suas condições prévias já estão todas determinadas, independentemente da atividade do indivíduo.



Essas questões só podem ser amenizadas a medida que todos os responsáveis por este desenvolvimento pausarem suas ações e (re)pensarem em sua prática. Através da prática reflexiva o professor torna-se capaz de assumir as limitações de sua capacidade, no sentido de que o mesmo não sabe como seu processo de construção se conduziu. Partindo dessa (re) construção é possível que absorva a teoria de “conhecimento-construção”.



O sujeito age, espontaneamente, isto é, independentemente do ensino, mas não independentemente dos estímulos sociais-, com os esquemas ou estruturas que já tem, sobre o meio físico ou social. Retira (abstração) deste meio o que é do seu interesse. Em seguida, reconstrói (reflexão) o que já tem, por força dos elementos novos que acaba de abstrair. Torna-se simples ao professor entender essa teoria à medida que reflete suas deficiências, pois saberá entender o processo por qual passa essa construção, visto que refletir implica na reconstrução do pensamento. No entanto, frente as complexidades dos dias atuais não podes-se afirmar os efeitos das mais nobres práticas neste âmbito.







Os modelos de eficiência nos quais a escola se fundamentou estão em crise: modelos de desenvolvimento econômico, de conhecimento científico, de ação racional, de decisão política.



Mesmo nas sociedades ‘hiperescolarizadas’ há de 10 a 25% de analfabetos funcionais. (PERRENOUD, p. 28, 2001)







Comprova-se a diluição do caráter humanístico da educação, a individualidade se tornou regra. Pais e alunos são consumidores da escola, sem preocupação com o agravamento das desigualdades sociais. Os professores buscam um posto de trabalho que lhe renda maior conforto e proteção contra alunos difíceis. As organizações tornam-se mercados e desenvolvem estratégias individuais. A complexidade aumenta ainda mais.

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