terça-feira, 13 de julho de 2010

HABILIDADES E COMPETENCIAS X CONTEÚDISMOS

Por Lilian Timóteo


Ao início do ano letivo o corpo docente é convocado a estabelecer os objetivos de cada série e distribuir os conteúdos tendo um olhar voltado para as habilidades e competências que os alunos devem desenvolver durante o ano, este é entregue a coordenação da escola e arquivado pelas autoridades competentes. É possível observar entre professores que este é pouco utilizado em seu trabalho. Segundo Lerner “Os documentos curriculares devem aliar o objeto de ensino com as possibilidades do sujeito de atribuir um sentido pessoal a esse saber”. Não devem se caracterizar documentos prescritivos. (LERNER, P.53, 2002).



É importante ressaltar que os conteúdos são apenas fios condutores que levam o aluno à construção de determinados conhecimentos, ao conduzí-los os mesmos acabam por criar condições cognitivas que os levam ao desenvolvimento de habilidades e competências, sendo essas as mais importantes no processo, claro que não as que desejamos que exerçam e sim as que os fazem sentido. Vejamos um caso de respeito ao processo aquisição da linguagem e escrita na Educação infantil.



Alunos de 4 anos em processo de aquisição da linguagem iniciam seu repertório de leitura e escrita de forma bastante significativa descobrindo quais são as letrinhas que correspondem ao nome de cada amigo da sala e também dos objetos que a cercam. A professora mediu todos os alunos da sala e cortou um barbante colorido de cores diferentes, mediu cada um desses alunos e cada um escolheu a sua cor (cores repetidas também são reconhecidas pelos alunos) observa-se na frase da criança Pietra (4) “o rosa é a cor da Bia e da Carol”, o objetivo da professora neste caso é trabalhar matemática no que diz respeito as unidades de medida e reconhecimento das cores. Neste caso mesmo sem as crianças terem habilidades para conceituar por meio de registros escritos a professora percebe as descobertas que os mesmos fazem neste processo e registra em seu diário. Pode-se afirmar que por trás dessas descobertas está o trabalho do professor como mediador do processo.



Para uma aprendizagem significativa é necessário aliar os propósitos didáticos e os propósitos comunicativos de ler e escrever. Não se pode ler e escrever com um único propósito. Os diferentes propósitos devem estar aliados às práticas sociais. “As práticas de leitura e escrita são totalidades indissociáveis que sobrevivem a divisão e à sequenciação dos conteúdos (LERNER, p.73,2002)



Comprova-se a eficácia do trabalho voltado para as práticas sociais e a crítica a fragmentação das ciências, sendo este último fator um agravante para o empobrecimento da educação.

Quando se fala de construção da escrita na criança, não estamos falando da emergência mais ou menos espontânea de ideias engenhosas, ideias às vezes extraordinárias que as crianças têm. É algo mais que isso. Tampouco se trata de que algumas coisas que se constroem e em seguida há uma espécie de adição linear do já construído. Numa visão construtivista o eu interessa é a lógica do erro: trata-se às vezes de ideias que não são erradas em si mesmas, mas aparecem como errôneas porque são generalizadas, sendo pertinentes apenas em alguns casos, ou ideias que necessitam se diferenciadas e coordenadas, ou, às vezes, ideias que geram conflitos, que por sua vez desempenham papel de primeira importância na evolução.

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